Grandes Temas: sociedades advocatícias em debate no painel 21 da XXIII CNAB

Brasília - Na sequência da série “Grandes Temas”, onde o Conselho Federal da OAB traz uma retrospectiva dos debates realizados durante a XXIII Conferência Nacional da Advocacia Brasileira – realizada em novembro de 2017, em São Paulo – é hora de relembrar o vigésimo primeiro painel do maior evento jurídico do mundo. Leia abaixo: 

O Painel 21 da XXIII Conferência Nacional da Advocacia Brasileira, parte do Eixo 5, terá como tema “Sociedades de Advogados” e reunirá especialistas no assunto. O eixo de que faz parte é denominado “Protagonismo da Advocacia: Valorização, Prerrogativa, Ética e Ensino Jurídico”.

Stanley Martins Frasão, membro da Comissão Nacional de Sociedades de Advogados da OAB, abre a programação com palestra sobre avanços normativos das sociedades. Em seguida, o advogado Antonio Correa Meyer traz a gestão de escritórios e plano de carreira. Diretor-executivo do Instituto de Direito Público em São Paulo, Alexandre Zavaglia Coelho abordará a inteligência artificial no apoio ao exercício da advocacia.

O secretário-geral da OAB-DF, Jacques Veloso de Melo, dá continuidade ao painel com “Reforma Tributária e os Impactos nas Sociedades de Advogados”. Quem fecha o Painel 21 é a advogada Gisela da Silva Freire, com “Relações Societárias e Profissionais nas Sociedades de Advogados”. 

O painel 21 será realizado no dia 28 de novembro, a partir das 14h30, dentro da programação oficial da XXIII Conferência Nacional da Advocacia Brasileira.

XXIII CONFERÊNCIA NACIONAL

A XXIII Conferência Nacional da Advocacia Brasileira será realizada entre os dias 27 e 30 de novembro de 2017, na cidade de São Paulo. O tema deste ano é “Em defesa dos direitos fundamentais: pilares da democracia, conquistas da cidadania”. A Conferência é realizada em parceria entre o Conselho Federal da OAB e a Seccional de São Paulo.

O maior evento jurídico da América Latina reúne a cada três anos dezenas de milhares de advogados de todo o país para debater temas ligados à classe e à sociedade brasileira. Nesta edição, serão realizados 40 painéis, com mais de 230 palestrantes, além de dezenas de eventos paralelos.

As inscrições para a edição deste ano já estão abertas e podem ser realizadas no portal da XXIII Conferência Nacional. Os valores são os seguintes: estudantes, R$ 200; advogados, R$ 350; jovem advocacia e advogados acima de 70 anos, R$ 300; outros profissionais, R$ 400. Há descontos para grupos acima de 10 pessoas.

A XXIII Conferência Nacional da Advocacia Brasileira será realizada no Pavilhão de Exposições Anhembi, em área de 60 mil metros quadrados. A cidade conta com diversos atrativos, como 4 aeroportos e 3 terminais rodoviários, facilitando o acesso dos advogados a São Paulo, assim como a intensa vida cultural, com museus, parques, teatros e gastronomia.

As conferências são um espaço de reflexão sobre questões que envolvem a profissão, proporcionando o acompanhamento da evolução do direito brasileiro e sua relação com temáticas que se destacam no cenário político-social do país. A primeira aconteceu em 1958 e, ao longo de 59 anos, a Ordem promoveu 22 Conferências Nacionais da Advocacia.


Confira as notícias do período entre 12 e 18 de janeiro

Brasília - Confira a seção OAB em Movimento desta semana, que apresenta as principais notícias da advocacia e da cidadania protagonizadas pela Ordem. Em destaque, a crítica da OAB ao fato de o governo federal camuflar o aumento de impostos ao tempo em que não reajusta o imposto de renda; o posicionamento da Ordem de que é inadmissível a pressão sobre o Judiciário acerca de julgamentos; e o reconhecimento de Luiz Gama como Patrono da Abolição da Escravatura no Brasil. 

Deu na mídia: OAB diz que governo ‘camufla’ aumento de impostos ao não reajustar IR

A fala do presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, na qual critica a informação de que o governo federal não pretende corrigir a tabela do Imposto de Renda em 2018, foi destaque do portal do "O Estado de S. Paulo". Vale lembrar que a OAB é autora da Ação Direta de Inconstitucionalidade 5.096, apresentada ao Supremo Tribunal Federal para cobrar a correção da tabela do IR. Leia mais. 

Intercâmbio na Inglaterra para advogados brasileiros

No início da semana – ainda no dia 12 – a OAB informou a abertura de vagas, junto ao Bar Council of England & Wales e a Law Society of England & Wales – entidades britânicas que congregam profissionais da advocacia –para o Programa de Intercâmbio para Advogados, em parceria com a Lex-Anglo Brasil. As inscrições terminam no dia 5 de fevereiro e o período do programa vai do dia 30 de abril até 25 de maio de 2018. Leia mais. 

Cerimônia de assinatura digital e lacração dos sistemas no TSE

Na quarta-feira (17), a OAB Nacional participou da cerimônia de assinatura digital e lacração dos sistemas eletrônicos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A solenidade tem o objetivo de atender às necessidades de adequação dos equipamentos, que serão utilizados nas eleições suplementares a serem marcadas entre fevereiro e junho de 2018. Leia mais. 

Lamachia classifica como “inadmissível” a pressão sobre o Judiciário

Na quinta-feira (18), o presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, afirmou à imprensa que considera serem inadmissíveis as pressões para que o Judiciário condene ou absolva um réu, seja ele quem for.  O dirigente ressaltou que “é preciso rechaçar e impedir, de acordo com os mecanismos da lei, todas as ameaças de agressões ou depredação que alguns líderes prometem para o dia 24, quando o ex-presidente Lula será julgado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre”. Leia mais.

Luiz Gama é declarado Patrono da Abolição da Escravidão do Brasil

A OAB comemorou a publicação, no Diário Oficial da União, da sanção da Lei 13.629, que declara o advogado Luiz Gama patrono da abolição da Escravidão do Brasil. Na mesma edição do Diário Oficial, foi publicada também a sanção que inscreve Gama no Livro dos Heróis da Pátria (Lei 13.628). A OAB requereu à Presidência da República a sanção dos projetos de lei que deram origem às duas leis. Leia mais. 


Grandes Temas: painel 20 da XXIII CNAB debateu visão do Judiciário pela advocacia

Brasília - Na sequência da série “Grandes Temas”, onde o Conselho Federal da OAB traz uma retrospectiva dos debates realizados durante a XXIII Conferência Nacional da Advocacia Brasileira – realizada em novembro de 2017, em São Paulo – é hora de relembrar o vigésimo painel do maior evento jurídico do mundo. Leia abaixo:

O Painel 20 da XXIII Conferência Nacional da OAB analisou o Poder Judiciário na visão da advocacia brasileira. O presidente da mesa, o membro honorário vitalício Reginaldo Oscar Castro, abriu o painel destacando a importância do tema na própria história da OAB. Também acentuou o papel de vanguarda da instituição na defesa da democracia e dos direitos constitucionais.

“A OAB, antes de fazer a defesa dos advogados, tem de fazer a defesa da Constituição. É nosso dever, não apenas direito, e a Ordem deve estar à frente, ela tem deveres constitucionais e a legitimidade de questionar”. Castro ainda destacou que não há instituição congênere no mundo com as prerrogativas da OAB. O painel teve como relator Elton Sadi Fulber e como secretária Francilene Gomes de Brito.  

Valorização da Primeira Instância

A primeira exposição ficou a cargo de Homero Mafra, presidente da OAB-ES e coordenador do Colégio de Presidentes de Seccionais. Ele abordou a transformação sofrida pelo CNJ desde a origem: “No começo, o CNJ atuou como fiscalizador do Judiciário e a magistratura não percebeu, naquele início, a sua importância. Quando percebeu, se apropriou do CNJ e o transformou num grande cartório”, asseverou.

Mafra criticou a política de extinção de comarcas em cidades do interior com a alegação de ser necessário fazer economia e concentrar atividades em cidades maiores. “Isso pune o cidadão pobre, porque o cidadão rico pode se deslocar para outro lugar. O CNJ começa a olhar o Judiciário como custo e não como serviço imprescindível à população. Juiz no interior não é custo”, disse.

O presidente da OAB-ES defendeu que a Ordem se manifeste sobre essa situação e proponha um novo projeto de Poder Judiciário. Ele também criticou a distância que o Judiciário mantém da população: “O Judiciário não se vê como prestador de serviços públicos, se vê como casta. O que precisamos é da reforma do Poder Judiciário, que se olha como classe imune a qualquer crítica”, afirmou.

Abuso de Autoridade e o Exercício da Advocacia

Diretor-tesoureiro da OAB-SP, Ricardo Luiz de Toledo Santos Filho iniciou a fala afirmando que o tema do painel é “atual e crepitante”. Dizendo não poder generalizar, criticou as posturas de servidores públicos que se configuram como abuso de autoridade. “Servidor público é servidor do público, sua função é atender ao cidadão e não proteger o Estado. Alguns se autoproclamam autoridades como se estivessem em outra categoria de existência”, garantiu.

Toledo frisou a importância dessa discussão na Conferência por causa do projeto de lei em discussão no Congresso que deve alargar o rol de crimes que identificam condutas de abuso de autoridade. Dentre as mais graves, citou algemar pessoas sem necessidade e decretar condução coercitiva sem prévia comunicação. Ao mesmo tempo, ponderou que não basta criar uma lei mais dura sem eficácia prática.

“São condutas tipificadas nesse projeto e que trazem avanço, mas apenas no campo abstrato, pois houve uma supressão, a meu ver, pecaminosa, que foi tirar da Ordem a possibilidade de oferecer denúncias contra atos de abuso. Sobrou apenas para a vítima a queixa subsidiária. Ou seja, continuamos num vazio, algo que não funciona na realidade prática”, sublinhou.

Garantismo x Eficientismo

Terceiro palestrante do painel, o constitucionalista potiguar Paulo Lopo Saraiva deu início à fala dizendo que esperava “não ver mais o retorno da ditadura”. Crítico da doutrina do “eficientismo penal”, chamou de “desastre” o fato de as redes sociais e televisões exibirem prisões e inquéritos como espetáculo. “Surge uma equipe lá em Curitiba, treinada nos Estados Unidos e, de vez em quando, aparecem na televisão dando entrevista, defendendo o eficientismo, que dizem ser melhor, porque garante a rapidez. Cometeu crime? Prendeu. Vimos todo o tipo de denúncia e celeridade nas sentenças. Que fenômeno é esse?”, indagou Lopo Saraiva.

Para ele, o chamado ‘garantismo’ é o que “mais representa o espírito constitucional, a garantia da dignidade humana”. Ainda enfatizou a necessidade de “lutar pela presunção da inocência como está na Constituição Federal”. “Se não se tomar cuidado, virá uma ditadura disfarçada. É preciso resistir, advogados nasceram para resistir”, clamou.

Advocacia na Mediação e Conciliação

Vice-presidente da OAB-SP, Fábio Romeu Canton Filho abordou um tema que pode ser polêmico na advocacia e que para ele está fora do sistema Judiciário, os serviços alternativos de mediação de conflitos. “O advogado deve estar presente em qualquer situação de conflito, o advogado é, efetivamente, o facilitador. Não raras são as anulações de acordos em ambientes de mediação e conciliação que ocorrem justamente pela não presença de um advogado”, afirmou.

Também apontou para outra questão grave nesses casos: a do mediador que não é advogado e que não sofreria qualquer impedimento do Judiciário. “A meu ver, ele está exercendo a profissão, pois estaria dando consulta jurídica às partes”, opinou. “É imperiosa a participação de advogados em qualquer situação de conflito para que se tenha o devido acompanhamento técnico, para que se garanta direitos”, concluiu.

O CNJ e sua atuação

André Godinho e Valdetário Monteiro, os dois advogados, da Bahia e do Ceará, respectivamente, são os representantes da Ordem no Conselho Nacional de Justiça. Eles apresentaram relatos sobre as metas do Conselho, além de destacarem a atuação naquele órgão, como representantes dos advogados.

Godinho ressaltou que é preciso “ter clara consciência de que o advogado não é estranho ao Poder Judiciário, por isso, merece ter preservado todos os direitos e garantias previstas em nosso estatuto”.

Ele ainda apresentou uma proposta para ampliação da composição do CNJ, tornando-a paritária. Hoje, com 15 membros e que passaria para 18, com mais um advogado indicado pela OAB tendo assento, mais um do Ministério Público – destacando que deveriam vir de carreiras distintas dessa instituição – e um terceiro aprovado pelo Congresso Nacional.  “É importante ter mais integrantes externos ao Poder Judiciário”, defendeu. 

Valdetário Andrade Monteiro reforçou a afirmação do colega baiano visando uma maior participação no CNJ e destacou o momento político que o país vive. “É um momento perigoso, em todos os momentos falam em mudar a Constituição. E, com o atual Congresso, perderíamos uma série de direitos”, afirmou.

Ele traçou uma breve trajetória política e jurídica do CNJ. “Os tribunais distanciam o cidadão comum do que ocorre dentro dos palácios dos tribunais. O CNJ surge com uma função primordial, a de concatenar cada um desses serviços públicos. Nós devemos entender que Poder Judiciário não é exercício de poder, mas é serviço público”, disse.

O advogado ainda anunciou o lançamento do livro CNJ na Perspectiva da Advocacia – Coletânea de Julgados, que escreveu em parceria com o presidente do Conselho Federal da OAB, Claudio Lamachia. O evento ocorre no dia 29, durante a Conferência.

Os desafios do CNMP diante da advocacia

As duas últimas apresentações do painel ficaram a cargo dos representantes da OAB no Conselho Nacional do Ministério Público. Erick Venâncio Lima do Nascimento, do Acre, e Leonardo Accioly, de Pernambuco, falaram dos problemas que enfrentam para se pronunciarem sobre certos procedimentos do MP: “Por vezes, temos que reafirmar no Conselho o que a legislação nos garante”, disse Lima. Ele também lembrou que “inicialmente, o Conselho tinha no seu embrião uma composição paritária, mas, hoje, são apenas seis membros externos, dois advogados, dois juízes, uma indicação da Câmara dos Deputados e outra do Senado”. 

Outra questão destacada pelo advogado do Acre foi o posicionamento sobre o uso indiscriminado de escutas telefônicas de advogados. “A OAB repudia esse uso”, reforçou. Ele ainda falou de outro posicionamento dos conselheiros contra o auxílio-transporte ou auxílio-moradia de cônjuges, que vivem no mesmo recinto: “Não estamos compactuando com isso”.

Accioly afirmou que há uma falsa ideia de que o Conselho não pune muito. “Até junho de 2017, foram mais de 90 punições. Pune-se mais do que no CNJ”, comparou. Apesar disso, lembrou que para um membro do MP ser excluído “é preciso cometer algo grave e repugnante para mobilizar a opinião pública, do contrário, é praticamente impossível”, disse.

Outro problema apontado por ele está relacionado às manifestações políticas dos membros do MP pelas redes sociais e pela TV. “O corregedor nacional já declarou a importância de se coibir essas manifestações”, lembrou.  No entanto, o mais grave para Accioly é que juizes e MP usam meios extraautos, manifestações públicas para conseguir ou fundamentar a condenação de um réu. “Sabemos que existe interesse de membros de parte do MP em concorrer a cargo eletivo sem estar vinculado a partido político, numa candidatura avulsa”, afirmou.