Brasília – Reunida em sessão plenária nesta segunda-feira (1º), a OAB Nacional aprovou a criação do Cadastro Nacional de Advogados Usuários dos Métodos Extrajudiciais de Resolução de Conflitos. A proposta teve origem na Comissão Especial de Conciliação, Mediação e Arbitragem da entidade. Para o presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, “a criação do cadastro, conforme ratificada à unanimidade pelo Plenário, significa maior organização e agilidade ao reunir em um só destino as informações acerca dos advogados que atuam por vias alternativas”. Sérgio Fischer, conselheiro federal pelo Rio de Janeiro e relator da matéria, lembrou em seu voto que importantes dispositivos legais tratam do tema. “A Resolução número 125 do Conselho Nacional de Justiça faz menção expressa à resolução dos conflitos por essas vias, bem como dispositivos trazidos pelo novo CPC. Entendemos como necessária a criação deste cadastro para fomentar o desenvolvimento destes métodos, que ao ver dessa relatoria, são adequados”, apontou. O conselheiro federal Daniel Nogueira (AM), que exerceu a vice-presidência da Comissão Especial de Conciliação, Mediação e Arbitragem, resumiu o pensamento do plenário. “Proposição brilhante a de organizar um cadastro que permita a consulta dos nomes dos colegas que atuam nos extrajudiciais. Traz eficiência e segurança”, disse. Nos próximos dias, será editada uma resolução que instituirá, especificará e regulamentará o Cadastro Nacional de Advogados Usuários dos Métodos Extrajudiciais de Resolução de Conflitos.
Brasília – Tomou posse nesta segunda-feira (1º), em sessão ordinária solene, a nova diretoria da OAB Nacional. Claudio Pacheco Prates Lamachia foi eleito presidente e nos próximos três anos comandará a entidade que reúne os 945 mil advogados do País. Completam sua diretoria Luís Cláudio Chaves (MG) como vice, Felipe Sarmento (AL) como secretário-geral, Ibaneis Rocha (DF) como secretário-geral adjunto, e Antonio Oneildo Ferreira (RR) como tesoureiro. A votação, que se deu com chapa única, ocorreu na noite de domingo (30) em sessão solene do Colégio Eleitoral, formado pelos conselheiros federais eleitos para o triênio 2016-2019. A sessão tem votos individuais e secretos e foi conduzida pela decana do Conselho Federal, Cléa Carpi da Rocha (RS). Conforme determina o Estatuto da Advocacia e o Regulamento Geral da OAB, votaram os 81 conselheiros federais. Ao passar às mãos de seu sucessor o diploma de presidente nacional da OAB e a carteira funcional, Marcus Vinicius Furtado Coêlho – que foi diplomado como Membro Honorário Vitalício – assegurou que a carteira era “o passaporte de defesa da cidadania, do Estado de Direito e da democracia nas mãos de Lamachia”. PRONUNCIAMENTO Em seu discurso já como presidente empossado, Lamachia conclamou advogados e sociedade a protagonizarem a luta pela moralização da atividade política no Brasil. “Se de um lado nossas instituições republicanas nunca funcionaram tão bem, de outro somos acometidos por uma crise política e econômica, mas que gerada por uma crise ética e moral sem precedentes, agravada sobremaneira pela absoluta paralisia da classe política, que perdeu totalmente a capacidade de diálogo”, ressalvou. Lamachia também apontou a necessidade de reunificação do Brasil, pois, segundo ele, a falta de diálogo é a negação da política. “Quando a política falha, a convulsão social é uma certeza. Não podemos perder tudo o que, a duras penas, construímos até hoje”, alertou. Ele também lembrou importantes momentos da história da Ordem. “Nesses últimos 85 anos a OAB e a advocacia brasileira sempre estiveram do mesmo lado: ao lado da liberdade e da legalidade. Lutamos contra duas ditaduras. Fomos inflexíveis contra o arbítrio. Vencemos o obscurantismo com a força moral daqueles que defendem a verdadeira justiça”, rememorou. Lamachia ainda assegurou que a entidade manterá uma permanente busca de valorização aos honorários advocatícios e uma defesa intransigente das prerrogativas profissionais. Veja aqui o discurso completo do novo presidente da OAB Nacional. HOMENAGEM A nova diretoria foi homenageada nas palavras do presidente cujo mandato se encerrou na noite do último domingo. Marcus Vinicius classificou a posse de Lamachia e dos demais dirigentes como momento único e histórico para a advocacia e a sociedade. “Desejo uma feliz gestão e uma feliz condução dos trabalhos à diretoria e aos novos conselheiros. Conheci Lamachia há 9 anos, quando fui representar a Ordem no Rio Grande do Sul em debate sobre o Quinto Constitucional. Àquela época, Lamachia deixou de lado um compromisso pessoal para acompanhar a mim, um modesto conselheiro, de forma absolutamente gratuita, iniciando uma amizade pautada na lealdade, na convicção de propósitos, na irmandade que nos une. Esses são princípios, inclusive, que devem guiar a OAB e o Estado Democrático de Direito”, completou Marcus Vinicius, para, em seguida, ler trechos de Darcy Ribeiro em homenagem ao povo gaúcho e brasileiro. “Nossa nação é capaz de, junta, superar todas e quaisquer dificuldades. Agora temos o maior e melhor presidente da história da OAB. Nesses três anos de gestão e nos nove de amizade, sempre vi Lamachia como exemplo de conduta e ideais. O vice Luís Cláudio tem nada menos que 27 anos como dirigente de Ordem em Minas Gerais. Sarmento, nosso secretário-geral, vem de um excelente trabalho no FIDA. Ibaneis, da mesma forma, líder na advocacia do Centro-Oeste brasileiro. Por fim, e não menos importante, Antonio Oneildo Ferreira, o tesoureiro reconduzido à função mercê do trabalho sério e justo que realiza”, enumerou. Participaram os Membros Honorários Vitalícios Eduardo Seabra Fagundes, Roberto Busato, Cezar Britto e Ophir Cavalcante Júnior; os Medalha Rui Barbosa Agesandro Pereira e Paulo Roberto de Gouvêa Medina; os representantes da advocacia no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Norberto Campelo e Luiz Cláudio Allemand, e no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) Esdras Dantas; o presidente do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP), José Horácio Halfeld Ribeiro; e Márcio Kayatt, representando a Associação dos Advogados de São Paulo (AASP). PERFIS Claudio Pacheco Prates Lamachia (presidente): É o primeiro advogado atuante no Rio Grande do Sul a presidir a entidade em seus 85 anos de existência. Foi duas vezes presidente da OAB-RS, entre 2007 e 2012; na reeleição, em 2009, ele teve 82% dos votos. Em 2012, em pesquisa nacional, foi o presidente melhor avaliado entre todas as 27 seccionais do País: 93% de aprovação da classe. No Conselho Federal da OAB, desempenhou a função de vice-presidente no triênio 2013-2015, onde coordenou a Campanha Nacional de Valorização dos Honorários Advocatícios e outras iniciativas pela defesa das prerrogativas profissionais. Luís Cláudio Chaves (vice-presidente): Na seccional mineira foi assessor da Caixa de Assistência dos Advogados, presidente da OAB/Jovem, conselheiro suplente, conselheiro titular, presidente da Comissão de Exame de Ordem, diretor tesoureiro, vice-presidente e presidente de 2010/2012. Foi presidente da OAB-MG nas gestões 2010/2012 e 2013/2015. No âmbito do Conselho Federal, na gestão 2013-2016, foi membro da Comissão Especial para Elaboração do Selo OAB; presidente da Comissão Especial de Direito de Família e Sucessões; e membro da Comissão Especial sobre o Desastre Ambiental de Mariana (MG) e consequências. Felipe Sarmento (secretário-geral): Na gestão 2007/2010 do Conselho Federal, Felipe Sarmento foi membro da Comissão Nacional de Apoio aos Advogados em Início de Carreira e da Comissão Especial de Defesa do Quinto Constitucional e Aprimoramento do Judiciário. Na gestão 2010/2013 integrou a Comissão Especial de Precatórios e a Comissão Especial de Defesa do Quinto Constitucional e Aprimoramento do Judiciário. Na gestão 2013/2016 atuou como Presidente do FIDA - Conselho Gestor do Fundo de Integração e Desenvolvimento Assistencial dos Advogados e presidiu a Comissão Especial de Gestão Participativa e Descentralização Administrativa. Ibaneis Rocha (secretário-geral adjunto): Foi vice-presidente da OAB-DF no período de 2008/2009. Ocupou o cargo de Secretário-Geral da Comissão Nacional de Prerrogativas do Conselho Federal da OAB na gestão 2007/2010. Foi eleito Presidente da OAB-DF para o triênio 2013/2015. Na gestão 2013/2016, no Conselho Federal da OAB, foi membro da Comissão Especial de Defesa dos Honorários da Advocacia Pública; no âmbito da Seccional brasiliense, presidiu a Comissão de Direitos Humanos e também a Comissão de Prerrogativas Profissionais. Antônio Oneildo Ferreira (diretor-tesouireiro): Foi eleito presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil de Roraima por quatro mandatos consecutivos (2001/2003, 2004/2006, 2007/2009 e 2010/2012). Foi presidente da comissão que analisou e emitiu parecer sobre projeto de lei complementar que criou, organizou e estruturou a Defensoria Pública do Estado de Roraima, além de ter atuado como membro de importantes comissões da OAB/RR, como de Defesa dos Direitos e Prerrogativas Profissionais e dos Direitos da Criança e do Adolescente. Foi diretor tesoureiro do CFOAB e do FIDA Conselho Gestor do Fundo de Integração e Desenvolvimento Assistencial dos Advogados na gestão 2013/2016.
Brasília - O presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, clamou por união em nosso país, pondo a entidade como fiadora deste processo. Eleito neste domingo (31), o advogado gaúcho foi empossado na sessão solene do Conselho Federal desta segunda-feira (1). “Chegou a hora de reunificar o Brasil, e a OAB e a advocacia desde já se colocam à serviço da Nação brasileira para tal feito. Nosso partido é o Brasil, e nossa ideologia é a Constituição Federal”, afirmou, Lamachia também frisou que a população brasileira não aguenta mais os desmandos de governantes e a corrupção endêmica que assola o país. “A deterioração do ambiente político chega a ser assustadora. Mudos para conversarem entre si, surdos para ouvirem o clamor da população que já sofre pela carestia, cegos para a desintegração dos fundamentos macroeconômicos do país. Assim estão os nossos agentes políticos. Não produzem mais soluções, apenas crises”, lamentou. “Em tempos de ajuste fiscal, onde o governo afirma como única saída a recriação da CPMF, contraditoriamente se vê o aumento absurdo do fundo partidário, e o que é pior, justamente em tempos de lava-jato. A sociedade não suporta mais a atual carga tributária e nós vamos fazer tudo que estiver ao nosso alcance para mobilizar a sociedade civil organizada contra qualquer proposta que pretenda colocar novamente a mão no bolso do cidadão. Não aceitamos soluções simplistas para resolver problemas que não foram criados por nós”, criticou. Prometendo rodar o país levando a mensagem da advocacia, “exército com quase um milhão de soldados”, Lamachia levando o plano de gestão da OAB, sempre ancorada na voz do Conselho Pleno e dos 27 presidentes de Seccionais. O novo presidente também agradeceu Marcus Vinicius Furtado Coêlho, o presidente que o precedeu, pelo empenho em sua candidatura. “Dou a dimensão do momento que estou a viver hoje. O grande Mario Quintana, poeta gaúcho, escreveu que uma vida não basta ser vivida, precisa ser sonhada. Quero dizer do fundo do coração, da riqueza do orgulho que tempo de ser advogado, que eu sonhei com este momento. Os gaúchos também sonharam muito com este momento. Gratidão é dívida que não prescreve, e serei eternamente grato a todos que foram decisivos nesta caminhada”, agradeceu Leia abaixo a íntegra do discurso de posse de Claudio Lamachia como presidente do Conselho Federal da OAB. Presidir uma instituição como a Ordem dos Advogados do Brasil, - alçada pela Lei Fundamental ao patamar de voz da cidadania e, portanto, de veículo de substantivação de um dos fundamentos da República-, não é tarefa para um homem só. É obra coletiva. Aliás, certamente por força da invulgar generosidade de cada um dos senhores que hoje assumo o maior desafio da minha vida, após nove anos consecutivos de muito aprendizado nas lides desta instituição. Obrigado, a todos vocês, pela confiança depositada, Confiança esta a qual honrarei com todas as minhas forças. Os desafios são grandes, intangíveis até. Mas Deus é maior e está conosco! Obrigado, também, aos servidores do Sistema OAB do Brasil inteiro. A todos vocês uma salva de palmas. Sem vocês nossa missão seria impossível. Evidentemente não menos importante, quero fazer um retumbante agradecimento ao meu sempre presidente Marcus Vinícius, e ao demais colegas de diretoria que ora assumirão novos desafios: queridos companheiros Cláudio Pereira de Souza Neto, Cláudio Stábille Ribeiro e Sérgio Fisher. De vocês fica a certeza que a lealdade é a nota distintiva dos homens de bem. Obrigado por terem me abrigado no seio de uma gestão tão exitosa para a advocacia brasileira. Deveras, foram três anos de intensas realizações, fruto de um conceito de gestão compartilhada, de vocação para o intenso debate e diálogo com as 27 seccionais e com o poder público, a qual temos agora o desafio de manter. Enfim, fui escolhido para representar um projeto, o que farei junto aos colegas de Diretoria, dos membros deste Conselho e das Comissões, assim como dos presidentes e conselhos das 27 Seccionais, sempre sob a inspiração de Deus. Pois bem. Falamos do que fizemos. Agora nos resta sonhar com aquilo que está no porvir. Falarmos daquilo que pretendemos fazer. Sim. Sonhar para realizar. Sonhar para fazer! Sonharmos juntos, sonharmos unidos. Pois é bem certo que a vida real só é atingida pelo que há de sonho nela, como bem dizia Fernando Pessoa. Sonho e trabalho, trabalho e sonho. Trabalhar com afinco, e sonhar com nobreza. Não importa que o sonho pareça impossível, pois como falou meu conterrâneo Mário Quintana: "Se as coisas são inatingíveis, não é motivo para não as querer. Que tristes os caminhos se não fosse a presença mágica das estrelas." Foram essas estrelas que nos trouxeram aqui. Em mesmo sentido, nos lembrou Mandela: “Tudo parece impossível até que seja feito”. Assim, decidimos sonhar acordados, para imprimir com intrepidez a energia surda e constante da vontade do mundo que nos envolve, ligando a realidade ao sonho, o desejo à ação, para – repitamos – nos desincumbirmos da solene missão de reunificar o Brasil, de salvaguardar a Nação nesta quadra tão tormentosa de sua vida. Hoje vivemos um paradoxo: se de um lado nossas instituições republicanas nunca funcionaram tão bem, de outro somos acometidos por uma crise política e econômica, mas que gerada por uma crise ética e moral sem precedentes, agravada sobremaneira pela absoluta paralisia da classe política, que perdeu totalmente a capacidade de diálogo. A deterioração do ambiente político chega a ser assustadora. Mudos para conversarem entre si, surdos para ouvirem o clamor da população que já sofre pela carestia, cegos para a desintegração dos fundamentos macroeconômicos do país. Assim estão os nossos agentes políticos. Não produzem mais soluções, apenas crises. Estão, pois, disfuncionais. Ficam discutindo interesses menores. A Nação é sem dúvida alguma maior que os resultados das próximas eleições. E isto temos que bradar por todo o Brasil. Precisamos transcender o calendário das urnas, para que as saídas eventualmente propostas não sejam condicionadas pelo casuísmo eleitoral, e sim pela consideração do bem-estar das próximas gerações. Enfim, precisamos de um novo contrato social da classe política com a sociedade brasileira, pois é evidente que não democracia sem política e não há política sem políticos. Precisamos da depuração da política nacional. Flertamos dia a dia com a irresponsabilidade. Inconsequentemente estamos tangenciando o precipício. Algo deve ser feito, e rápido, pois a falta de diálogo é a negação da política, e quando a política falha a convulsão social é a certeza. Não podemos perder tudo o que, a duras penas, construímos até hoje. Colegas, a vida nos ensina que há uma hora de partida mesmo quando não há lugar certo para onde ir. É o marchar da história, é o caminhar da humanidade. Devemos dar esse primeiro passo! A hora do Brasil começar a superar essa paralisia é agora! Temos que parar de pensar apenas nas partes para refletirmos sobre o todo, pois casa dividida não para em pé, para se citar o milenar aforisma bíblico, inscrito no evangelho segundo São Mateus, tão bem usado por Lincoln, que não titubeou em afirmar: "Uma casa dividida contra si mesma não pode permanecer. Eu não espero a divisão da União - eu não espero ver a casa cair - mas espero que ela deixe de ser dividida." Vejam, senhores e senhoras, que as sábias palavras deste que foi um dos maiores estadistas da história ecoam pelo tempo de forma que não se apaga. Com efeito, a nação é a antítese da divisão, e com essa não pode conviver. Nação é mais do que território, do que um ajuntado das gentes. Nação é a comunhão espiritual de homens e mulheres que se sentem parte de um todo. É a convicção de um viver coletivo. Ligados pelos laços do pertencimento, têm suas vidas ancoradas no esteio da pátria. Nação é pátria, e no sentir do insuperável Ruy Barbosa: “Pátria não é um sistema, não é uma forma de governo. Pátria é o céu, é a terra, é o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados. Pátria é a comunhão da lei, da língua e da liberdade”. Precisamos resgatar esses ideais e valores urgentemente em nosso país, sob pena de nos tornarmos uma fratura exposta social. Somos todos irmãos, os brasileiros e os estrangeiros que aqui vivem, por força de nossa Constituição, que plasmou de forma perfeita o sentimento de nosso povo ao longo da sua história. Assim, imbuído dessa visão transcendental acerca do que seja a nacionalidade, elaborada por um dos maiores advogados e intelectuais brasileiros de todos os tempos, é que entendo que chegou a hora de reunificar o Brasil, e a OAB e a advocacia desde já se colocam à serviço da Nação brasileira para tal feito. Nosso partido é o Brasil, e nossa ideologia é a Constituição Federal. Nossa opção é pelo povo, expressão maior da cidadania que juramos defender. Assim sempre foi, assim sempre será. Afinal, somos advogados. Lutamos por justiça! Isso tudo, ao lado da nossa história de 85 incansáveis anos de luta, indubitavelmente credencia esta Instituição para ser a fiadora de uma tentativa de formação de um grande consenso nacional, em prol de um programa social mínimo que unifique a sociedade brasileira. Nesses últimos 85 anos a OAB e a advocacia brasileira sempre estiveram do mesmo lado: ao lado da liberdade e da legalidade, as tábuas de vocação do advogado segundo Ruy Barbosa. Lutamos contra duas ditaduras. Fomos inflexíveis contra o arbítrio. Vencemos o obscurantismo com a força moral daqueles que defendem a verdadeira justiça. Sofremos até mesmo um ataque terrorista por isso. Nunca retrocedemos um milímetro sequer. Ao contrário, com desassombro, avançamos. E afirmo a cada um dos senhores que, com os queridos diretores ora empossados, estaremos fazendo momento a momento nesta gestão. Com os artistas, os trabalhadores e a intelectualidade deste país, saímos às ruas pedindo por democracia, na campanha das Diretas Já em 1984. A democracia veio. Mesmo as imperfeições de uma jovem Nova República. Diante do mar de lama de um governo, novamente lideramos a sociedade brasileira. Na oportunidade, pelo impedimento de um mandatário deslegitimado para o exercício da suprema magistratura da Nação em face de atos de corrupção explícita. Com o impeachment de Collor, iniciou-se um lento e gradual processo de evolução de nossas instituições democráticas, que hoje vemos tão atuantes, para nossa felicidade. Por outro lado, três ex-presidentes desta Casa foram peças-chave em três Assembleias Nacionais Constituintes, a saber: Levi Carneiro em 1934, Fernando Melo Viana em 1946, e Bernardo Cabral em 1988. Primando sempre pelo valor supremo de que todo poder emana do povo e por ele deve ser exercido, a OAB pautou sua atuação na defesa intransigente da ordem jurídica e da normalidade institucional, apenas possível com o respeito integral à Carta Política. Agindo assim, a OAB se tornou a verdadeira defensora das causas da República e, ao que parece, a história a chama mais uma vez para defendê-la. Assim, cientes de que o advogado é a força motriz do Estado Democrático de Direito, onde a legitimação para o exercício do poder tem seu esteio no voto e na lei diante da grave crise institucional que vive nosso país, desde já convocamos a advocacia brasileira a cerrar fileiras com a OAB Nacional para retomarmos a tradição brasileira de conciliação nacional, em benefício de nosso futuro comum. O nosso compromisso é reunificar o Brasil. Está na hora de reduzirmos o espaço do confronto e construirmos o ambiente para o encontro. Está na hora de colocarmos todos os atores da sociedade brasileira na mesma mesa para conversar. Está na hora do diálogo, pois o que está em jogo é o futuro do país. Não podemos achar que todos os problemas de nossa sociedade são do governo que aí está. Não podemos tolerar a letargia política mas também social instalada em nosso País. É evidente que ele tem sua grande parcela de culpa. Afinal, voto não tem preço mas tem consequências. Não podemos ficar procurando culpados enquanto o barco afunda. Primeiro façamos a travessia! Que o Ministério Público e o Judiciário façam a sua parte, apurando as responsabilidades civis e criminais, sempre de acordo com a lei e em respeito as garantias constitucionais e que o cidadão brasileiro faça seu dever de casa e expurgue da vida política todos aqueles políticos que não honraram a sua confiança. Mas, enquanto isso ocorre, o Brasil tem que avançar. Avançar é o que nossa gente espera, seguir em frente é o que a Nação precisa. Como escreveu Shakespeare em Júlio César: “Em certos momentos, os homens são donos dos seus próprios destinos. ” Cremos piamente que este é um desses momentos. O Brasil deve se reencontrar. O Brasil irá se reencontrar. Nesse sentido, a primeira das pautas deve ser o combate à corrupção, verdadeira chaga deste país. Hoje, faltam recursos para saúde, educação e segurança, mas sobram recursos para a corrupção. Ou enfrentamos a corrupção endêmica que assola o Brasil com seriedade e afinco, ou corremos o risco de ver a “res publica” se transformar de vez em “cosa nostra”. Em tempos de ajuste fiscal, onde o governo afirma como única saída a recriação da CPMF, contraditoriamente se vê o aumento absurdo do fundo partidário, e o que é pior, justamente em tempos de lava-jato. A sociedade não suporta mais a atual carga tributária e nós vamos fazer tudo que estiver ao nosso alcance para mobilizar a sociedade civil organizada contra qualquer proposta que pretenda colocar novamente a mão no bolso do cidadão. Não aceitamos soluções simplistas para resolver problemas que não foram criados por nós. Cruzaremos este país de norte a sul, de leste a oeste, em verdadeira cruzada cívica, em campanha civilista, repleta de sentido histórico, com vistas à recuperação da unidade nacional, por meio de um projeto de reuniões e debates que ora apresentamos à apreciação de Vossas Excelências, por meio de nosso plano de gestão. Seguramente, temos as vidas e o exemplo de grandes colegas a nos inspirar na consecução de tão difícil encargo: Ruy Barbosa, Miguel Seabra Fagundes, Heráclito Sobral Pinto, Evandro Lins e Silva, Alexandre José Barbosa Lima Sobrinho, Raymundo Faoro, Herman de Assis Baeta, Márcio Thomaz Bastos e tantos outros colegas que, - com sua coragem -, mostraram ao mundo a real natureza de ser advogado. Nesse passo, já escreveu da prisão em 1969 o líder Nelson Mandela, que dedicou sua vida à construção da nação sul-africana: “Nada pode ser tão valioso como fazer parte integrante da história de um país.”. E é para ser parte integrante da história do Brasil que convocamos o exército de quase um milhão de advogados e advogadas para nos ajudar a levar esse generoso projeto adiante. Sabemos que esse não é último degrau, mas certamente é o primeiro passo. Crise é sinônimo de oportunidade. Assim nos mostra a história da civilização. Da sangrenta Guerra Civil norte-americana se extraiu a síntese daquilo que mais tarde se tornaria a nação mais poderosa do planeta. De nossa crise atual podemos pagar a dívida que nossa Nação tem com a história, finalmente promovendo as reformas institucionais aguardadas desde o século passado. Todos teremos que inicialmente perder um pouco para mais adiante todos ganharmos muito. É hora de grandeza. É hora de mudarmos os destinos do Brasil! Por fim, parafraseando Lincoln, rogo a Deus que nosso país siga esses passos, transformando-se em uma nova Nação, consagrada realmente ao princípio de que todos os homens são substantivamente iguais perante a lei, e que a Nação brasileira tenha um governo do povo, pelo povo e para o povo. Muito obrigado.